domingo, maio 29, 2011

Lembro que chorei ao assistir o filme.


   Aos 17 anos, a minha vida mudou para sempre. Sei que há pessoas que se interrogam quando digo isto. Olham-me de modo estranho como se a tentar perceber o que poderia ter acontecido nessa altura, embora raramente me dê ao trabalho de explicar.  Porque vivi aqui a maior parte da minha vida, não acho que tenha de fazê-lo, a não ser à minha maneira, e isso levaria mais tempo do que a maioria das pessoas está disposta a conceder-me. A minha história não pode ser resumida em duas ou três frases; não pode ser apresentada sinteticamente de modo que as pessoas compreendam de imediato. Apesar de já terem passado quarenta anos, os que ainda aqui vivem e que me conheceram naquele ano aceitam sem perguntas a minha falta de explicação. De certa maneira, a minha história é também a história deles, pois foi uma coisa pela qual todos passaram. 
Porém, foi comigo que tudo se passou mais de perto.
  Tenho cinquenta e sete anos, mas ainda consigo lembrar-me de tudo o que sucedeu naquele ano, até ao mais pequeno pormenor.  Recordo-o várias vezes, dando-lhe vida de novo, e percebo que quando o faço sinto sempre uma estranha combinação de tristeza e alegria. Há momentos em que me apetece fazer com que os ponteiros do relógio andem para trás e livrar-me de toda essa tristeza, mas tenho a sensação de que, se o fizesse, desapareceria também a alegria. Assim, fico com as recordações à medida que elas surgem, aceitando-as todas, deixando que me guiem sempre que possível. Isto acontece com mais frequência do que eu gostaria de reconhecer.


A Walk to Remember - Nicholas Sparks


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